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As dicotomias de Saussure


Nos discursos de Saussure, as reflexões eram expostas através de dicotomias, que é a divisão lógica de um conceito em dois para se obter um par opositivo. Nas anotações podemos observar dualidades como:

  • Língua x Fala
  • Sincronia x diacronia
  • Paradigma x sintagma
  • Forma x Substância
  • Significado x Significante
  • motivado x arbitrário


Forma x Substância

Forma é, segundo Saussure, a estrutura de um dialeto, ou seja, a forma é a língua em sí. Ela (forma) serve como base para apoiar as regras de comunicação de um dialeto.

Substância é o meio pelo qual a língua é manifesta, no caso, por meio do léxico de um idioma.

O linguista suíço compara o sistema a um jogo de xadrez. Podemos comparar a função de cada peça à língua, já as peças, podemos compará-las  ao dialeto (substância) pelo qual a língua se manifesta.
Língua x Fala

Normalmente quando nos referimos ao objeto de comunicação, utilizamos o termo linguagem, mas para Saussure a linguagem deve ser tomada como objeto duplo. Tais objetos estão perpetuamente ligados. Saussure os chamou de língua e fala.

A língua é um sistema supraindividual utilizado como meio de comunicação entre os membros de uma comunidade. É considerado por Saussure a parte essencial da linguagem.

A fala é a utilização individual do sistema que caracteriza a língua, ou seja, um ato individual de vontade e inteligência. A fala forma, a partir da relação entre as unidades que compõem  o sistema da língua, com o objetivo de exprimir seu pensamento,  o mecanismo psicofísico que lhe permite exteriorizar essas combinações. Em outras palavras, uma maneira particular de utilizar esse código.

O objetivo do linguista estrutural é a língua, tendo a fala como objeto secundário.

Sincronia x Diacronia

Sincronia é a análise da língua de forma estática em determinado tempo, ou seja, para fazer uma análise sincrônica da língua, precisamos fazer um recorte dela em um determinado momento da história.

Diaconia é a análise da língua através de sua evolução no tempo, ou seja, para fazer uma análise diacrônica precisamos comparar a língua em diferente momentos da história.

Significante x Significado

Significante é o objeto que possui o significado, por exemplo, a palavra escrita é o significante e a mensagem que ela transmite é o significado. O termo significante pode nomear diferentes unidades da língua como, por exemplo, a sequência de fonemas “linguagem” seria o nosso significante, o sentido atribuído a ele de “capacidade humana de comunicação”, seria o significado.

Sintagmas x paradigmas

Sintagmas refere-se a combinação linear de unidades da língua como acontece na construção “Os alunos chegaram atrasados.” Observa-se nessa sentença, palavras de classes gramaticais diferentes pontos de maneira linear de forma a construir sentido.

Artigo + Substantivo                       Verbo   +  Advérbio
“Os      alunos           chegaram atrasados.”
 Sintagma nominal          +          Sintagma verbal

Já os paradigmas, refere-se aos grupos que cada unidade pertence. Por exemplo, poderíamos substituir o substantivo aluno pelo substantivo trabalhador sem que a oração perdesse sentido, pois os dois nomes pertencem ao mesmo grupo de palavras: os substantivos. O mesmo pode acontecer com a palavra chegaram, se a substituímos por saíram, não perderá sentido, pois pertencem ao mesmo grupo: os verbos.

Arbitrário x Motivado

A arbitrariedade aqui mencionada, é a que discute se há um acordo entre as pessoas que falam uma determinada língua e os recursos linguísticos utilizados para descrever o mundo ao nosso redor.

A perspectiva motivacional analisa se os recursos linguísticos que  utilizamos para descrever o mundo ao nosso redor são inspirados de maneira natural.

Para Saussure era necessário reconhecer os signos linguísticos como arbitrários, pois assim vemos que não há uma relação necessária (natural) entre os sons de uma palavra (imagem acústica das palavras ou significante) e o sentido dessa palavra (seu significado).



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